Epitáfio

Melyssa K.
Dec 24, 2021

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Existo em memória daqueles que me amam, e também se vão, existo em finitude constante. E ainda sim, sob os olhos e palavras que outros têm sobre mim, bondosamente, após minha morte. Já não existo em completo, portanto. Escrevo, talvez, em vão. Para não existir em lembrança como uma mentira, através do que um dia fui e mesmo sendo: não conheceram. Não deixo nada além da palavra, mesmo essa, não é só minha, é parte de mim, dos que vieram antes de mim, e dos que ficam. Sobretudo, os que ficam. Escrevo sobre o que já foi dito, e me uso, como precedente de mim mesma para que assim possa existir: real e profundamente.

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